31.5.07

Metamorfose

Há 2 anos li a Metamorfose e apaixonei-me por Kafka - de uma maneira platónica, e pela sua obra, pois ainda não pratico necrofilia. Ênfase no ainda não. Depois li América e zanguei-me com ele. É que comecei a ler o romance desconhecendo que o mesmo nunca foi acabado. Ora pior do que um daqueles filmes à David Lynch cujo fim é irrelevante dado o seu teor de incompreensibilidade, é a ausência desse mesmo fim. Está um jovem envolto em toda uma linha de acção que termina sem aviso prévio - aqui vem-me à mente o monólogo de Seinfeld sobre as séries que utilizam o método to be continued... em que o espectador é assolado por um ataque de ansiedade quando vê que faltam 2 minutos para o fim e será impossível chegar ao fim do episódio nesta semana! Ou seja, eu devia ter deduzido pelo evoluir da história e pelo escassear das folhas remanescentes no livro, que algo não batia certo! Fiquei desolado.

Ora lanço aqui e agora o apelo para que alguém, por métodos médicos questionáveis, ganhe um par de túbaros bovinos e finalize a obra começada pelo escritor checo. Acho que seria agradável pedir a 5 grandes escritores que se identifiquem com a linha de pensamento e de escrita de Kafka para tentarem acabar isto, e lançar em livro esses 5 finais. Só uma ideia. Brilhante, bem sei, mas só uma ideia.

Isto a propósito da minha deslocação a uma feira do livro e a aquisição da primeira obra do já hoje muito citado autor, chamado Reflexões. Comprei também mais do mesmo, intitulado Aforismos.

Agora que já larguei esta fúria que corroía o meu âmago, posso ir em paz ao meu dia que culminará no concerto de Andrew Bird no São Jorge. Eis o artista:

Boys of Melody

Press Play.




A música é "Boys of Melody" dos The Hidden Cameras. Vem à calha a propósito do último filme de John Cameron Mitchell, o génio por detrás de um dos meus filmes preferidos, Hedwig and the Angry Inch, película essa que seria alvo de demasiado escárnio por parte de demasiada gente, ou não tratasse de transsexualidade, embora em forma de musical.
Ora o novo filme, de nome Shortbus, supera de maneira inequívoca toda a polémica que o anterior possa ter causado, ou não tivesse eu lido críticas ao mesmo em tons de "filme pornográfico com argumento". Sim, há sexo claramente explícito. Sim, a mãe e o pai não vão gostar de ver isto. O pai, sozinho, ainda é capaz de espreitar, pelo menos até se aperceber que o sexo explícito que decorre no filme é, maioritariamente, homossexual.
No entanto é inovador (não é um atributo que sozinho convença alguém a ver o filme, ou não fosse a filmagem durante 40 minutos de dejectos igualmente algo de inédito), é um tema e uma maneira de ver o cinema não usual, na qual o tabu pura e simplesmente deixa de ter lugar. É agressivo, quiçá demasiado. É confuso, é debocheiro, mas acaba também por ser alegre, no meio de tanto trauma que decorre ao longo do filme. Para quem ainda se choca com a libertinagem dos gays, será um saudável abrir de olhos. Para os outros, acaba por ser um filme curioso, visualmente delicioso e mentalmente estimulante. E hoje em dia, em que tudo é mais do mesmo, agrada-me saber que continua a haver quem ainda não se deixe reger pelo potencial monetário de um projecto, quem aposta em alguns actores desconhecidos, desenvolve um argumento com substância e lança uma obra que não será aceite nem agradará às massas, mas a uns quantos que não só se deliciam com o resultado final, mas admiram a sua invencibilidade. E digo isto uns meses depois de ter ido ver Rocky 6, ou não fosse o extremar de alimentação filmográfica a melhor receita para uma avaliação coerente. E deixo a trailer:

23.5.07

Blogs Irmãos

Tenho andado ausente da blogosfera. Não que tenha uma quezília com a mesma. Por acaso até tenho, por causa de umas heranças e duma distribuição equalitária de uns terrenos que a minha prima Margot nos deixou, mas isso agora nao vem ao caso.

E não é desta que volto efectivamente a este blog. Venho só anunciar um desenvolvimento nos meus outros blogues:


O blog dos mui nobres Azuis Escuros tem novidades, mormente fotográficas, ou não estivessemos com renovada rotina que nos leva aos campos quinzenalmente para praticar um sempre agradável futebol de 11.



O blog da Ratoeira Táctica, após pressões de certos lobbys, acabou por ser finalizado em 2 dias, durante os quais postei tudo, elevando o total para o redondo número de 50 textos.





Quanto a este blog, espero que em breve seja contemplado com novidades. Wilde vs. Saga, viagem à Ásia, viagem a Paris, recomendações, prostituição e disponibilização de cybervírus...

Sem mais, largo um abraço electrónico a todos!
LCF