12.6.07

Escárnio

Sousa trouxe o leite mas estava azedo. Bebeu-o na mesma. Tinha sede, disse depois, sem conseguir disfarçar uma cara que trazia de volta à minha mente antigas imagens a preto e branco do holocausto. Coçou os colhões e chamou puta à sogra quando esta mudou de canal.

Conclusão? Sousa era rude.

Ser rude só por ser rude não é agradável. Ser rude para com alguém que merece que sejamos rude para com ela, não só é divertido, como justificável. Nessas alturas rude larga o estigma de defeito e torna-se numa condecoração a ser usada orgulhosamente ao peito.

João Gobern é deliciosamente rude quando critica o programa das madrugadas da TVI Toca a Ganhar. Passo a citar, pois nem eu faria melhor:

"Haverá uma razão oculta, um imponderável que não se consegue descortinar, (...), para que a estação líder de audiências em Portugal se dê ao luxo de pôr no ar uma coisa como Toca a Ganhar (...). Fácil é culpar Liliana Aguiar, que esconde a sua perturbação atrás de um discurso matraqueado e da sua aflição por "dar dinheiro aos portugueses". (...) é o próprio programa que é patético (...). Passa-se da insónia ao pesadelo. Foge!"


Que delícia, João Gobern! Eu não o teria escrito melhor, e admito que já dei por mim estupefacto à espera de qual a próxima barbaridade que a apresentadora faria ao vivo. Ora esquece-se do que ia dizer e tem imperturbáveis monólogos interiores em voz alta, com uma capacidade argumentativa digna de Sócrates, ora pára para beber água e deixa tudo em suspenso enquanto refresca o seu par de tetas silicónicas... É tão mau, tão mau, tão mau, que acaba por ser extremamente entretido.

Assim sendo, e inspirado por Gobern (sim, João, inspiraste uma pessoa, já podes falecer em paz), vou voltar às minhas raízes sarcásticas e começar a largar aqui farpas em todas as direcções, só porque me apetece. É essa a regra que também uso para reger o meu intestino!

Até à próxima, Sousa, o rude.
LCF