18.11.05

Prova inequívoca de que estou, de facto, em Madrid

Muitas pessoas dirigiram a palavra à minha pessoa como que dizendo algo em tons de:

“Tudo bonito, amizades? Ouvi dizer que estavas por Madrid. Prova!”

“Agora não posso, estou com uma caganeira digna de um búfalo, fica para depois, ok herói?” – replicava eu falsamente, de modo a tentar escapulir-me à apresentação da requerida prova.

A verdade é que finalmente a tenho: o meu passe social que utilizo todo o santo dia para ir de casa para a escola e, vá-se lá saber porquê, também da escola para casa.


Episódio-triste-desnecessário-que-83%-das-pessoas-guardaria-para-si-próprio:

Como podem ver, o passe é formado por uma merdinha de papel que é o ingresso propriamente dito, e um invólucro de plástico que contém o meu nome e foto, de modo a associar o supracitado à minha pessoa singular. Pareceu-me aborrecido, já para não dizer extremamente aborrecido, ter de tirar o "piqueno feto" da "nave-mãe" toda a santa vez que quisesse entrar no metro. Então deduzi (é verdade, eu deduzo em itálico) “isto deve funcionar com um sensor qualquer, ao estilo caixas de supermercado ou entradas em Alvalade”. Agindo de acordo com o que havia pensado, comecei a passar incessantemente o meu Abono de Transportes à frente dos torniquetes do metro (mais propriamente diante de umas superfícies escuras e espelhadas). Um minuto naquilo e nada… até que uma velhinha que estava estupefacta à minha espera me demonstra a acção correcta a executar perante a situação com que me deparava:

Acção #1: Retirar o bilhete da capa encarnada (não querendo ferir susceptibilidades, capa vermelha! dois beijinhos a quem se sentiu ofendido);

Acção #2: Inserir o bilhete na ranhura própria para tal acção;

Acção #3: Passar pelo torniquete e recolher o bilhete no “lado de lá”;

Acção #4: Exprimir o seu estado de alma “puta que pariu, então é assim que este cabrão funciona?” e agradecer à simpática velhinha espanhola “gracias, meretriz”.


Bem, caríssimos, podia agora dizer que me tinha que ausentar pois tinha uma vontade de cagar apenas comparável à sensação de ter um rouxinol a tentar escapar-me do anal, mas a verdade é que não tenho um gajo na aula chamado Gabriel e vou chorar para casa essa lacuna.


Despeço-me com uma palavra: Doravante.