30.9.05

Primeiro Percalço

E não é que, a 3 dias de chegar a Madrid, vejo-me repentina e inesperadamente de volta à estaca zero? Já tinha tudo planeado… sair de Lisboa de manhã, chegar a Madrid a meio da tarde, deixar as malas (dentro das quais está TODA a minha vida) em casa – e que bela casa era, um duplex em Chamartin, mesmo em frente ao estádio do Real - e seguir para o IKEA com os meus roommates (Ricardo e Javier) para comprar a minha futura cama, algo grande e espaçoso que permita um necessário e saudável espreguiçar sem ficar com os 4 membros a flutuar fora da mesma.

Eis que tudo estava encaminhado para um começo brutal quando: a vaca nojenta da velha (nunca a vi, deve ser amorosa), agarrada ao dinheiro e não à palavra, “cagou” em nós e alugou a casa a uns alheios por mais um mero punhado de euros. Infelizmente, aquando da sua visita a Madrid por ocasião da procura de casa, o Ricardo e o Javier fizeram um acordo verbal com a supracitada velhota, em vez do que eu sempre recomendo, o pacto de sangue!

E pronto, chego a “La Fiesta” (Entenda-se por “La Fiesta” Madrid) domingo, pronto para uma semana que será certamente infernal, desgastante, mas também um belo pagode e uma aventura. Os ingredientes assim o obrigam: não tenho casa; não falo espanhol; tenho aulas. Basicamente, a situação inversa ao que seria ouro sobre azul.


Já aluguei quarto num hostel (www.metropolhostel.com), onde vou ter de residir até arranjar a minha morada final (por morada final não se entenda um buraco num cemitério, ou uma prateleira num jazigo). Faço aqui um compromisso com toda a comunidade cibernética como só cessarei a minha busca quando encontrar uma casa com nível (aceitável), um quarto para mim com dimensão suficiente para albergar 3 amigos meus de tamanho M e, espero eu, num epicentro social da cidade. Quero sentir “la fiesta” da janela do meu quarto!!!

Bom mel é que vou ter mais e melhor televisão do que em Lisboa: 300 canais, cortesia da tvcabo! Vou tentar a minha sorte além fronteiras, é vero, mas como qualquer bom emigra que abandona a cidade natal, não quero perder o contacto com “os meus” e com a sociedade de que faço parte, pois os dias de crise cessarão e eu voltarei, envolto em glória, para fazer inveja aos meus conterrâneos e construir uma vivenda mui linda lá na vila.

Bem, para já é tudo… esperam-me 600kms no meu Peugeot 106, apinhado de malas até cima. Felizmente elas estão numa situação melhor do que eu: enquanto o dono procura casa pelas calles de Madrid, elas estarão a descansar na arrecadação de Mafalda Gonçalves, à espera que eu me despache…